A escatologia otimista de Alexandr Dugin, com seu foco na crise como porta para uma renovação espiritual e civilizacional, encontra uma ressonância com a filosofia do caos monitorado. Embora partam de contextos e pressupostos distintos, ambas as visões compartilham a compreensão do caos não como mera desordem destrutiva, mas como uma força dinâmica cósmica, um motor necessário para a transformação e evolução.
Na escatologia duginiana, o colapso da modernidade ocidental é o caos que abre caminho para o renascimento da Tradição, uma reintegração do sagrado na vida coletiva e no destino histórico das nações. Esse caos, embora assustador em sua magnitude, é monitorado e contido pela força espiritual representada pela Rússia como “Katechon”, que impede o avanço total do mal e assegura a possibilidade de uma nova ordem transcendente. Esse monitoramento, implícito na visão de Dugin, traduz-se na preservação dos valores tradicionais como baluartes contra a dissolução total.
Na filosofia do caos monitorado de Célio Azevedo, o caos é igualmente reconhecido como um estado inevitável e necessário para romper estruturas deformadas e criar espaço para o novo. Contudo, esse caos não deve ser entregue ao acaso ou à anarquia irrestrita; precisa ser acompanhado, compreendido e guiado por uma consciência ativa que delimite suas fronteiras e direcione seu potencial transcendente para fins construtivos. Dessa forma, o caos torna-se um laboratório vivo de experimentação e transformação, onde a ordem emergente não é imposta, mas fruto de um equilíbrio dialético entre forças conflitantes.
Essa visão aponta uma convergência essencial com a escatologia duginiana, onde o “Katechon” funciona como o monitor espiritual do caos escatológico, e a filosofia do caos monitorado propõe um paradigma para lidar com o caos contemporâneo, sem negá-lo nem sucumbir a ele. Ambas as filosofias reconhecem que o caos, longe de ser um fim, é uma condição transitória carregada de potencial para a criação de uma nova ordem, seja espiritual, cultural ou política.
Em suma, a compatibilidade entre a escatologia otimista de Dugin e a filosofia do caos monitorado de Célio Azevedo reside na mesma aceitação do caos como processo inevitável e necessário, aliado à ideia de que esse caos deve ser “monitorado”, seja por forças espirituais tradicionais ou por uma consciência filosófica ativa, para que dele surja um novo paradigma que transcenda as limitações da modernidade e inaugure uma nova era de significado e ordem cinética, uma ordem dinâmica, enfim, dialética.