O G20, autoproclamado fórum das maiores economias do mundo, não passa de uma engrenagem a serviço do grande esquema dos bancos internacionais, onde decisões favorecem elites financeiras e agendas corporativas, enquanto as nações periféricas assumem papéis subservientes no jogo geopolítico. No caso do Brasil, o país perpetua sua posição de subimperialismo regional e de vassalo do Ocidente, desempenhando um papel que não desafia as estruturas hegemônicas, mas as reforça.
É emblemático que a edição de 2024, sediada no Rio de Janeiro, tenha vetado a participação da OCDE, um movimento que, à primeira vista, pode parecer audacioso, mas que, na prática, não altera a dinâmica estrutural. A exclusão não reflete um rompimento com a lógica de dependência e subserviência, mas sim uma tentativa de reafirmar um protagonismo que, na essência, é vazio e condicionado pelas potências centrais do G20.
Ademais, o discurso do presidente Lula ao afirmar que o G20 encabeça o maior projeto de combate à fome da história merece uma crítica veemente. Tal afirmação não só é uma falácia, como ignora as lições históricas de iniciativas muito mais abrangentes, como o modelo soviético. A antiga União Soviética implementou transformações econômicas e sociais que retiraram milhões da miséria extrema e moldaram um dos maiores empreendimentos de combate à fome já registrados.
Diferentemente das ações paliativas do G20, que frequentemente mascaram interesses neoliberais sob o verniz de "ajuda humanitária", a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) apostou em mudanças estruturais, como a reforma agrária, industrialização planificada e políticas públicas universais, que efetivamente enfrentaram as raízes da fome.
Se o Brasil continuar a agir como vassalo do Ocidente, corre o risco de ser merecidamente expulso do BRICS futuramente, especialmente pela Rússia, que tem deixado claro seu compromisso com a multipolaridade e a soberania nacional. A atuação brasileira deve alinhar-se aos princípios do grupo, sob pena de perder seu espaço nesse bloco que, diferentemente do G20, busca oferecer uma alternativa real ao domínio ocidental.
Enquanto o Brasil e outras nações do Sul Global continuarem curvando-se ao grande capital, dificilmente veremos soluções verdadeiras para problemas como a fome. O G20, apesar das promessas, não passa de um palco para a reafirmação de hegemonias, deixando as transformações reais como uma utopia distante.
Jornalista e filósofo Célio Azevedo.